China Parte 1 - Yiheyuan, O Palácio de Verão
Introdução
Localizado em Pequim, o Yiheyuan (Jardim da Harmonia Cultivada, em português), é um complexo enorme de construções que incluem templos, jardins, lagos e moradias.
Com uma área de quase 3 km² cerca de 1/3 do terreno é composto por lagos e cursos d'água que se distribuem por todo o Palácio de Verão.
A sua construção foi iniciada no século XVIII e era o lar dos membros da Dinastia Qing, incluindo o Imperador Qianlong.
A sua construção foi iniciada no século XVIII e era o lar dos membros da Dinastia Qing, incluindo o Imperador Qianlong.
Atualmente é um ponto turístico e não possui utilização política.
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Primeiro portal de acesso ao palácio |
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Vista de um dos pontos mais altos do palácio que permite ver parte de Pequim ao fundo |
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Vista do lago Kunming que margeia o palácio |
Arquitetura e Simbologia
A arquitetura do Palácio de Verão é impressionante, acho realmente uma pena não termos nas universidades brasileiras um crédito voltado para a arquitetura oriental. É um capítulo histórico extremamente interessante e recheado de tradição, detalhes, cores e formas.
O número de detalhes de uma construção chinesa é inacreditável. A utilização de diversos materiais, formas e cores está intimamente ligada ao que se deseja atrair ou afastar do local, hierarquia da sociedade, religiosidade, política, entre outros.
Esculturas
Esculturas em formas de leões chamados de Shishi, segundo a crença chinesa, possuem o poder de afastar maus espíritos e atrair os bons. Dragões chineses estão espalhados por todo o palácio e são símbolos imperiais de diversas dinastias, especialmente da Dinastia Qing que o tornou extremamente popular e ainda mais significativo. Na cultura chinesa o dragão é protetor, guerreiro e responsável pela boa colheita e boa sorte.
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Detalhe da fechadura da porta de um dos templos |
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Primeira ponte de acesso ao restante do palácio |
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Detalhe da ponte com o dragão chinês esculpido |
Técnicas construtivas
A arquitetura chinesa no século XXVIII utilizava muito a madeira como material de construção e um curioso sistema de encaixes, que dispensa o uso de pregos e outros elementos de fixação. As vigas e pilares são mantidas no lugar devido ao seu enorme peso.
Por séculos os métodos construtivos chineses eram totalmente vernaculares, baseados na cantaria e na carpintaria.
No Palácio de Verão podemos ver uma transição interessante na arquitetura chinesa, na parte posterior do Palácio podemos encontrar algumas construções e jardins de pedra que são típicos do paisagismo eclético. O Imperador Qianlong era fascinado por arquitetura ocidental e mesclava itens dos jardins europeus nas tradicionais formas chinesas, criando uma arquitetura exótica e curiosa. (Os jardins ficam para um próximo artigo.)
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Entrada do templo feita de pedras |
Liuliwa
As telhas esmaltadas (liuliwa) eram de uso exclusivo nos templos ou residências da alta sociedade chinesa e dão um toque extremamente único ao design. As cores poderiam variar entre preta, azul ou verde. Já as telhas amarelas eram de uso restrito aos edifícios imperais.
Outras peças esmaltadas também compõem o típico edifício chinês, são detalhes com formas e cores variadas que ornamentam as vigas e testeiras do telhado.
O formato do telhado também varia na arquitetura chinesa, telhados planos são raros, telhados inclinados e ornamentados são destinados aos ricos e os telhados curvos são estritamente para destinados aos templos religiosos e uma parcela mínima da alta sociedade chinesa. E a regra é clara: Quanto mais importante o edifício, mais detalhado é seu telhado, vigas e colunas.
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Telhas esmaltadas amarelas |
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Detalhes da parte interna do telhado |
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Detalhes na quina de um dos templos do palácio |
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Telhado chinês plano |
Templos
Os templos do Palácio de Verão demonstram a grandiosidade e o respeito que a religião representa para os chineses. Frequentemente encontrei peças em ouro e bronze, paredes cobertas com esculturas feitas à mão, estátuas do Buda de mais de 2 metros de altura e detalhes. Muitos detalhes que deixam mais do que expressa a devoção às divindades.
É realmente bem difícil visitar estes espaços e não sentir uma aura de religiosidade e tradição, é quase uma solenidade adentrar os templos e palácios suntuosos que estão atrelados à uma crença e cultura milenar. A reverência é simplesmente automática.
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Interior do templo |
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Porta do templo |
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Detalhe de uma das dezenas de esculturas na parede externa do templo |
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Vista externa do templo |
Considerações
Definitivamente uma das melhores viagens até agora. Como gosto muito de arquitetura vernacular, religiosa e tradicional, visitar Pequim foi um prato cheio. Comunicação foi uma barreira e tanto, pouquíssimas pessoas falam inglês na China, mas nada que não dê pra resolver.
Lembre-se que a China não permite acessos de contas vinculadas ao Google e nem acesso wifi público para números de celular que não são chineses, portanto instale um VPN de qualidade para continuar conectado, encontre wifi de lojas/restaurantes orientais ou compre um chip chinês. (Hotéis também costumam ter wifi aberto para números ocidentais). Ah, e precisa de visto e certificado internacional de vacina da febre amarela para entrar no país.
O que se deve levar em conta nas visitas é o respeito pelas crenças e tradições, são várias placas indicando o que se deve ou não fazer nos locais e mesmo assim presenciei alguns mal educados desrespeitando as regras. Nós não sabemos ao certo se são regras religiosas ou de convivência, portanto apenas siga.
Se for à China, vá de tênis, os espaços são enormes e você vai andar muito mesmo. Especialmente no palácio de verão, que se desenvolve colina acima, existem muitas escadas, pontes, pedras e pra curtir tudo é bom ir confortável. Não se preocupe se ficarem te olhando como se você fosse um ET, pra eles você é mesmo rsrs. No começo ficava desconfortável achando que estava fazendo alguma coisa errada ou que tinha alguma catota saindo do nariz. Mas a gente se acostuma.
Existem alguns quiosques que vendem snacks e lembranças para os visitantes, eu achei o valor bem mais elevado que fora das áreas de turismo, portanto vale levar alguma comidinha na bolsa. Já no caso dos souvenirs, se você não tem a intenção de visitar o Mercado da Seda ou o Mercado de Pérolas, já compre por ali mesmo (Ou na Cidade Proibida). Apesar do valor elevado foi o lugar com os objetos mais bonitos que encontrei. Na área externa do Palácio, do outro lado da avenida, fica localizada a Estação Central Rodoviária, possui alguns restaurantes orientais e ocidentais como KFC, mas os preços também são exorbitantes em sua maioria. Para salvar a pele e o estômago de tanto tempero e coisas que você come sem saber o que é, o McDonald's é uma boa pedida e absurdamente barato, nem lembro a última vez que paguei R$15,00 em um combo. No geral achei a comida chinesa bem agradável, após alguns desarranjos dá pra se acostumar.
Tem mais mil considerações, mas esse não é o intuito do blog. Qualquer coisa a gente marca um café e conversa mais rsrs.
Informações úteis:
Summer Palace Beijing
19 Xinjiangongmen Rd, Haidian Qu, China, 100000
www.summerpalace-china.com/
Seg - Seg 07:00 às 17:00
Bilhete entrada: 20 a 40 RMB (Bilhete varia de acordo com áreas visitadas)
Melhor transporte: Metrô, aproximadamente uns 650m da estação Beigongmen
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